2006/07/27

Médico (16)

O médico está em casa, mergulhado na sua vida sentimental vazia. E pensa na sua vida sentimental e chega à conclusão, rapidamente, que é vazia.
Tenta buscar na sua memória o porquê. As relações com as mães explicam muita coisa, lembra-se.
A sua mãe não o amamentou. Dizia, e diz, que isso é próprio de selvagens. Foi a sua empregada que lhe deu biberon. "Mais vale biberon com amor, que mama com dor", diz-se. Conhecendo, como o Médico conhece, a sua empregada, uma mulher cheia, de formas e de azedume, ele teve direito a biberon com dor.
Isso, pensa, deve explicar alguma coisa.

Sem comentários: